A Passarola Voadora foi um "instrumento de andar pelo ar", como consta da petição de privilégio do padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão ao rei D. João V, e de que teve alvará, a 19 de Abril de 1709. Nesse mesmo ano, a 8 de Agosto, na sala dos embaixadores da Casa da Índia, apresentou a sua primeira experiência elevando a uns 4 metros um pequeno balão de papel, cheio de ar quente, perante a admiração da Corte, do Núncio Apostólico, Cardeal Conti (futuro papa Inocêncio XIII) e do Corpo Diplomático (como referem documentos da época).
Depois de Leonardo da Vinci, no século XVI, ter desenhado a primeira máquina voadora, o padre Bartolomeu torna-se num pioneiro da história da aviação ao conseguir inventar um aeróstato, o primeiro engenho capaz de se elevar no ar. Mais tarde, em 1783, os irmãos Montgolfier (Joseph e Étienne) irão lançar em Annonay, em França, um balão de ar quente capaz de transportar pessoas.
O padre Bartolomeu Lourenço (Santos, Brasil, 1685-Toledo, Espanha, 1724) era um visionário, que acreditava na ciência e nas capacidades dos homens. Mas o inventor português parece ter sido forçado a fugir à Inquisição, embora a tenha evitado, durante muito tempo, pela amizade do Rei.
Em Memorial do Convento, José Saramago vai recordar o sonho e a construção da passarola voadora pelo padre Bartolomeu de Gusmão, considerando que, para a Inquisição e outras autoridades da Igreja do século XVIII, eram pecados a ambição e o orgulho em fazer uma máquina voar.
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